Por Bira Pimentel
Em Itabuna, o PT de Geraldo Simões está, inequivocamente, colhendo
o que plantou. A quarenta dias das eleições, a candidatura de Juçara Feitosa
além de não emplacar, vive um momento de autofagia com a debandada geral dos
aliados. O PHS, na figura do oportunista de plantão Fábio Lima, retirou-se da
coligação e declarou apoio a Vane do Renascer que, não tendo nada com isso,
aceitou de muito bom grado o apoio. Com a militância petista não é diferente. A
campanha não empolga, a candidata é fraca, o discurso é fraco, é impopular e
ainda carrega a tiracolo a patricinha Acácia Pinho, que pelo andar da
carruagem, logo vai dar linha.
Num sábado, há quinze dias, com a campanha em pleno curso,
encontrei por acaso, numa dessas lojas de conveniência de posto de gasolina,
com um grupo de companheiros militantes do PT de longa data. A turma tinha no
semblante o desânimo e o pessimismo. Quando questionei a razão de tanto
desalento, a resposta foi enfática e unânime: "O PT de Itabuna, tal como
conhecemos, não existe mais".
Em ciência política, é consensual que qualquer agremiação
partidária atravesse um processo natural de desgaste quando, sucessivamente,
esteja no poder. Atualmente, o PT vivencia esse desgaste em todo o Brasil, não
só pelos 10 anos à frente do governo federal, como também por outras razões
pontuais, como as intermináveis greves dos diversos segmentos, o midiático
julgamento do mensalão ou mesmo a inoperância de mandatários como Jacques
Wagner. Em Itabuna, a despeito de não ser governo e do estado de abandono em
que se encontra a cidade, o Partido dos Trabalhadores deixou de ser referência,
perdeu a combatividade - o divórcio com o PCdoB contribui pra isso - e caminha
para uma derrota ainda mais acachapante que em 2008.
É comentário corrente, nos bastidores da campanha petista, a
postura arrogante e centralizadora da candidata. A campanha de TV, embora seja,
de longe, a mais bem produzida, não consegue vencer o desafio de aproximar
Juçara do eleitor. O enfadonho discurso de parceria com os governos federal e estadual,
outrora determinante, perdeu importância, haja vista que hoje em dia até o DEM
se reinvidica amigo de Lula (lembrem-se do hilariante Azevedo em 2008 dizendo
que se parecia mais com Lula que Juçara porque era simples, pobre e de origem
trabalhadora! pasmem!).
Todo esse infortúnio, caro leitor, pode ser colocado na conta do
deputado Geraldo Simões. Geraldo fechou os olhos para a origem democrática e
participativa do PT e centralizou o partido em torno da família e de meia-dúzia
de amigos. Militantes históricos foram gradativamente sendo subtraídos.
Dirigentes do mais alto gabarito, a exemplo de Everaldo Anunciação e Josias
Gomes foram, como se diz no jargão da política, tratorados pelo egoísmo e
miopia política do cacique Simões. E o resultado de tamanha insensatez é esse
que aí está, uma eleição, salvo um milagre, praticamente perdida e um partido
em frangalhos.