Vem em boa hora a pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta sexta-feira em que a presidente Dilma Roussef é aprovada por 73% dos brasileiros, após os primeiros três meses de seu governo.
É um bom indicador de que o país continua seguindo no rumo certo, segundo a maioria da população: o índice de confiança no governo Dilma neste começo de abril chega a 74%.
O resultado serve para acalmar os ânimos, tanto de aliados do governo indóceis com as nomeações para o segundo escalão, como a da oposição parlamentar e midiática que, na falta de outros discursos e argumentos, aposta tudo no mêdo da alta da inflação para desgastar o governo.
O problema da alta de preços existe, e é sério, mas ficar batendo tambores e dando a toda hora a palavra a “especialistas” para prever o pior, fazendo o jogo de especuladores saudosos da inflação de tempos passados, cria uma expectativa negativa que acaba se auto-realizando.
“PSDB vai explorar alta da inflação em programa de TV”, já anuncia a manchete da página A6 da Folha de hoje. O programa partidário dos tucanos só vai ao ar em maio, mas o jornal mostra que este foi o caminho encontrado pela oposição: assustar o eleitorado com o fantasma inflacionário.
Mais perdida do que cachorro em dia de mudança de barco, sem rumo e sem remo, a oposição demotucana, enquanto não dá à luz a dissidência do PSD de Kassab, aposta todas as suas fichas numa piora da situação econômica, com queda de crescimento e subida dos preços, como foi previsto esta semana pelo Banco Central.
Tudo bem, acenar com o perigo à vista é mesmo o papel da oposição, mas na reunião de governadores tucanos, marcada para este sábado, em Belo Horizonte, alguém poderia ao menos apresentar um caminho alternativo à política econômica até aqui seguida pelo governo. Qual é, afinal, a proposta da oposição para o país em 2011?
Até agora, Sergio Guerra, o atual presidente do PSDB e candidato à reeleição, só definiu a prioridade temática com base nos números do BC:
“Vou apresentar a pesquisa aos governadores, ouvir suas opiniões e organizar a comunicação do partido, que está muito errática”, anunciou o dirigente.
De fato, quando as coisas não vão bem, no governo ou na oposição, a culpa é sempre da área de comunicação, da qual se exige milagres mesmo com o produto sendo às vezes inexistente ou pouco vendável, como é o caso dos tucanos no momento.
Os números do CNI/Ibope sugerem paciência à oposição, já que continua a lua de mel dos brasileiros com sua nova presidente.
Quem mais deve ter ficado contente com este primeiro Ibope de Dilma é o ex-presidente Lula, apesar de todo o esforço feito pela valente oposição alimentada por colunistas e blogueiros para jogar criador contra criatura.
Afirmo isso sem medo de errar por um motivo muito simples: foi Lula quem lançou o nome de Dilma, convenceu o PT a apoiá-la, bancou o nome dela junto ao eleitorado e sabe muito bem que é a imagem dele e do seu governo que estarão em jogo a cada nova avaliação da presidente. Podem chamá-lo de tudo, menos de burro.
Assim como foi Lula quem ficou mais contente com a vitória de Dilma no dia das eleições, no ano passado, quando estive com os dois no Palácio da Alvorada, agora é ele quem tem todo o direito de festejar o acerto da sua escolhida.
A aprovação do governo Dilma neste início de mandato(56%) é superior até mesmo à do próprio governo Lula no mesmo período, que registrou 51% de ótimo e bom ao final de março em 2003. A continuidade de um governo para outro é apontada por Renato da Fonseca, gerente de pesquisas da CNI, como o motivo desta diferença:
“Após a eleição de Lula, antes da posse, havia um sentimento de incerteza em relação às ações que o Lula tomaria, principalmente na economia. No caso da presidente Dilma não houve surpresa, foi uma continuidade do governo anterior.”
Num ponto, porém, o dos índices de ruim e péssimo, Dilma começa da mesma forma como Lula terminou: apenas os mesmos 5% de sempre rejeitam seu governo.
Na comparação direta entre os dois governos, dá empate técnico: para 64% dos entrevistados, a gestão Dilma é igual à de Lula; 12% acham o governo Dilma melhor e, para 13%, é pior.
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