Opinião do blog, por Bira Pimentel.
Depois da conclusão da leitura de “Chatô, o Rei do Brasil”, do ótimo escritor Fernando Moraes, pude constatar a estreita relação entre o “modus operandi” da famigerada imprensa brasileira dos dias atuais e o método outrora utilizado por Assis Chateaubriand, o todo-poderoso dono dos Diários Associados, um império de quase cem jornais, revistas, estações de rádio e televisão, constituindo uma holding jornalística que foi soberana no Brasil entre as décadas de 1910 e 1960. Os anos se passaram, contudo a prática continua exatamente a mesma.
Assis Chateaubriand, não obstante ter sido o criador do MASP – Museu de Arte de São Paulo – contribuição inconteste ao desenvolvimento cultural do Brasil, foi um impostor, um escroque, um ladrão. Atuou decisivamente na política elegendo e destituindo presidentes da república, sempre utilizando como método a chantagem, o denuncismo e a notícia plantada em seus veículos de comunicação. Implementou campanhas homéricas pra eleger Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros e logo depois passava a açoitar da forma mais vil e leviana os atos do governo, como forma de intimidação pra auferir dinheiro público e comprar mais e mais jornais. Foi decisivo para o sucesso do golpe militar de 64 e a ditadura que se seguiu, onde oferecia sua casa pros generais se reunirem e conspirarem contra o Brasil. Foi um trapaceiro de marca maior, pois nunca investiu um tostão sequer pra comprar qualquer empresa, sempre se valendo de empréstimos em instituições financeiras públicas e privadas que jamais seriam honrados. E quando o credor cobrava seus direitos, vinha à tona a língua ferina do “Chatô, em seus artigos envenenados colocando a opinião pública contra o reclamante. Em toda a sua desqualificada trajetória fez muito mais inimigos do que amigos e até no leito de morte foi ignorado pelos três filhos, que há muito havia cortado relações.
O jornalismo que se faz no Brasil na atualidade, tem no legado de Assis Chateaubriand, sua mais contundente escola. O indivíduo não precisa ter apurado discernimento intelectual pra notar que a grande imprensa tradicional do eixo sul-sudeste do Brasil – Veja, Folha de São Paulo, Estadão e Organizações Globo – trabalham diuturnamente pra dar um golpe nas instituições democráticas do país. Fazem do denuncismo deslavado, sua arma letal pra desqualificar o governo democrático que há dez anos vem promovendo mudanças significativas nos rumos da nação. Nunca engoliram o fato de que um trabalhador, torneiro-mecânico, pudesse se eleger presidente da república por dois mandatos e ainda fazer a sucessora. Mentem, bravateiam, omitem a verdade e quando são desmascarados pelos fatos, simplesmente se escondem em suas redações sujas. São multifacetados, porque sempre acendem uma vela pra Deus e outra pro diabo, na esperta estratégia de ficar “bem” com quem esteja no poder. Mas esse povo tem lado. É o lado da extrema-direita, do neo-liberalismo. Esse é o “moderno” jornalismo que se faz no Brasil em pleno século XXI.
O crápula do Demóstenes Torres, agente de primeira ordem em Brasília, do contraventor Carlinhos Cachoeira, foi até dois meses atrás, o mais ferrenho interlocutor dos ataques inverossímeis ao governo da presidente Dilma Rousseff. Frequentava continuamente as páginas da “Veja” e os microfones da Globo, destilando seu veneno, fazendo ameaças, derrubando ministros e se autoproclamando o paladino da moralidade. Esqueceu-se o ardiloso malfeitor que o mesmo Brasil que acoberta a corrupção e escamoteia a ética política também investiga e pune os transgressores do erário público e a sociedade se encarregará de execrá-lo da vida pública. Nossas instituições estão muito mais sólidas e condizentes com uma democracia participativa. Não se engane, caro leitor, muito do que foi varrido pra debaixo do tapete no obscuro e mal contado caso do mensalão, terá novos e reveladores capítulos de agora em diante.
E assim caminha o pseudo-jornalismo tupiniquim. De um lado os “Chatôs”, “Vejas” e “Globos” da vida, tentando ludibriar a sociedade e estabelecer as suas verdade inquebrantáveis e, do outro, o organismo social frágil, vulnerável mas resistente e ávido por dias melhores.
Artigo fantastico. Parabens!!, Joao carlos, Maceió/Al.
ResponderExcluirTa escrevendo muito bem garoto. Parabens!! Gustavo Lima. salvador.
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