"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





terça-feira, 28 de agosto de 2012

A debandada geral na campanha de Juçara!


Por Bira Pimentel 

Em Itabuna, o PT de Geraldo Simões está, inequivocamente, colhendo o que plantou. A quarenta dias das eleições, a candidatura de Juçara Feitosa além de não emplacar, vive um momento de autofagia com a debandada geral dos aliados. O PHS, na figura do oportunista de plantão Fábio Lima, retirou-se da coligação e declarou apoio a Vane do Renascer que, não tendo nada com isso, aceitou de muito bom grado o apoio. Com a militância petista não é diferente. A campanha não empolga, a candidata é fraca, o discurso é fraco, é impopular e ainda carrega a tiracolo a patricinha Acácia Pinho, que pelo andar da carruagem, logo vai dar linha. 

Num sábado, há quinze dias, com a campanha em pleno curso, encontrei por acaso, numa dessas lojas de conveniência de posto de gasolina, com um grupo de companheiros militantes do PT de longa data. A turma tinha no semblante o desânimo e o pessimismo. Quando questionei a razão de tanto desalento, a resposta foi enfática e unânime: "O PT de Itabuna, tal como conhecemos, não existe mais".  

Em ciência política, é consensual que qualquer agremiação partidária atravesse um processo natural de desgaste quando, sucessivamente, esteja no poder. Atualmente, o PT vivencia esse desgaste em todo o Brasil, não só pelos 10 anos à frente do governo federal, como também por outras razões pontuais, como as intermináveis greves dos diversos segmentos, o midiático julgamento do mensalão ou mesmo a inoperância de mandatários como Jacques Wagner. Em Itabuna, a despeito de não ser governo e do estado de abandono em que se encontra a cidade, o Partido dos Trabalhadores deixou de ser referência, perdeu a combatividade - o divórcio com o PCdoB contribui pra isso - e caminha para uma derrota ainda mais acachapante que em 2008. 

É comentário corrente, nos bastidores da campanha petista, a postura arrogante e centralizadora da candidata. A campanha de TV, embora seja, de longe, a mais bem produzida, não consegue vencer o desafio de aproximar Juçara do eleitor. O enfadonho discurso de parceria com os governos federal e estadual, outrora determinante, perdeu importância, haja vista que hoje em dia até o DEM se reinvidica amigo de Lula (lembrem-se do hilariante Azevedo em 2008 dizendo que se parecia mais com Lula que Juçara porque era simples, pobre e de origem trabalhadora! pasmem!). 

Todo esse infortúnio, caro leitor, pode ser colocado na conta do deputado Geraldo Simões. Geraldo fechou os olhos para a origem democrática e participativa do PT e centralizou o partido em torno da família e de meia-dúzia de amigos. Militantes históricos foram gradativamente sendo subtraídos. Dirigentes do mais alto gabarito, a exemplo de Everaldo Anunciação e Josias Gomes foram, como se diz no jargão da política, tratorados pelo egoísmo e miopia política do cacique Simões. E o resultado de tamanha insensatez é esse que aí está, uma eleição, salvo um milagre, praticamente perdida e um partido em frangalhos.

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