"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O primeiro dia do horário eleitoral em SP

por Wagner Iglecias, recolhido do portal de Nassif.
 
 
Hoje, 22/08, começou a propaganda eleitoral na televisão para os candidatos a prefeito de São Paulo. Como se sabe, faz tempo que eleição para prefeito de grande cidade no Brasil é, em grande medida, decidida a partir do que passa na telinha. Na “cadeia produtiva” eleitoral, quem bate o martelo é o eleitor, mas que não se despreze a importância do financiador de campanha e do marqueteiro. Muito pelo contrário. Pois bem, algumas rápidas impressões sobre a estréia dos postulantes ao comando da maior cidade brasileira pelos próximos quatro anos.
 
Ficamos sabendo que Paulinho (PDT) foi uma criança pobre, que só comia macarrão e tomava guaraná no Natal. E que Soninha (PPS) é “ecológica”, como disse sua filha, afinal anda a pé, de bicicleta, de transporte público e de carro. Mas quando anda de carro “só abastece com álcool”. Ok.
Celso Russomano (PRB), líder nas pesquisas de intenção de voto, investiu na linha "ouhn!", todo carinhoso...só faltou chamar os populares de "pequeninos", como fazia Francisco Rossi nos anos 1990, quando apresentava-se também como um outsider e quase acabou eleito governador do estado. Ao lado de Russomano apareceu seu candidato a vice, D´Urso, contando a historinha do passarinho e do sábio, dizendo que o futuro está em nossas mãos e que só cabe a nós mudá-lo. Acho que entendi.
 

Gabriel Chalita (PMDB) fez a linha professor / escritor / amigo de todo mundo, dizendo que com a briga PSDB / PT todos perdem e que só ele é capaz de lidar bem com os dois lados. Fernando Haddad (PT), por sua vez, apresentou-se como o novo, percorreu com passos rápidos várias regiões da cidade e, ao final de cada caminhada, uma paradinha, com um olhar para o horizonte, a 45 graus, na linha "para frente e para o alto". Só faltou a capa para parecer um super-herói.

E finalmente, José Serra, o veterano candidato tucano: apareceu de jogging, andando de bicicleta e empinando pipa. Fez a linha "vovô-garoto". Só faltou o skate. Apresentou obras (hospitais, escolas, avenidas) com tomadas áreas, ao estilo "foi Maluf que fez", e ao final figurantes diversos dançaram ao som da já superada "tchu tcha", agora convertida em "Serra Já".
 
Ok, talvez este texto esteja sendo injusto, afinal foi apenas o primeiro dia, teremos ainda um mês e meio para conhecer melhor os candidatos e suas propostas. Por enquanto foi só o cartão de visitas, a apresentação. Pra muita gente pareceu decepcionante. E será que não foi mesmo? Talvez o eleitor esteja mais maduro do que se pensa, e já seja hora dos candidatos deixarem certos maneirismos de lado e se dirigirem de forma mais séria à população. Ou não?
 
Wagner Iglecias é doutor em Sociologia e Professor do Curso de Graduação em Gestão de Políticas Públicas da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP.

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