"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





quinta-feira, 10 de março de 2011

Itabuna: 44 assassinatos em 66 dias do ano!!

Por Ubirajara Pimentel.
Enquanto o feriadão de carnaval transcorria com alegria em diversas localidades Brasil afora, em Itabuna – que, diga-se, não tem carnaval há muitos anos – dez pessoas foram brutalmente assassinadas. Em números absolutos somam-se 44 vidas ceifadas nos 66 dias de 2011.
A criminalidade que é estampada diariamente nos jornais e TVs grapiúnas parece não comover mais ninguém. O poder público municipal argumenta que a violência é de âmbito nacional e que pouco pode ser feito com os parcos recursos destinados pelos governos federal e estadual, e no fogo cruzado da incompetência e da falta de compromisso social fica a população totalmente desassistida de segurança pública, atônita com a exposição diária de suas vidas à conveniência de marginais de toda ordem.
Alguns incautos podem afirmar que a violência é restrita ao tráfico de drogas e, com efeito, só morrem traficantes e usuários. Nada disso! A realidade é outra. Em Itabuna a criminalidade não escolhe CPF ou se a vítima reside no Jardim Vitória ou no Maria Pinheiro. Simplesmente mata-se por motivo torpe, a exemplo da estudante universitária que foi gravemente baleada em janeiro último porque só tinha 30 reais na bolsa em plena beira-rio num domingo à tarde. As pessoas estão sendo compelidas a se trancafiarem em suas casas ou, no máximo, procurarem lazer no monótono e limitado shopping Jequitibá, que em tese oferece maior segurança.
É notório que o governo Wagner teve imensa dificuldade no gerenciamento da segurança pública em seu primeiro mandato e está longe de fazê-lo no segundo. Contudo, em Itabuna inexiste qualquer esforço por parte dos detentores do poder público municipal no sentido de uma ação ostensiva de combate à desenfreada criminalidade que assola a cidade. E olhe que o prefeito tem raízes militares e é carinhosamente tratado por seus bajuladores de “Capitão”. Um prefeito incompetente, manipulável e desprovido de qualquer compromisso social com a imensa parcela da população que lhe conduziu, pelas urnas, ao comando do Centro Administrativo Firmino Alves. A conseqüência de todo esse embuste é fácil de deduzir: uma cidade sem prefeito e sem comando é uma cidade sem lei.
Por outro lado, o deputado federal de Itabuna, Geraldo Simões, parece estar pouco se lixando pro crescimento da criminalidade na terra que sempre o elegeu. A estratégia é conhecida, deixar o malogrado governo Azevedo sangrar até o fim, para voltar à prefeitura – ele mesmo ou a sisuda e impopular Juçara Feitosa – em 2012. O jogo da sucessão está aberto.
Resumindo, na esteira da violência está o desemprego, a debilidade da educação e a inexistência de políticas públicas voltadas pra juventude. Medidas paliativas só empurram a problemática da violência pro futuro próximo numa bola de neve sem fim.

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