"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





segunda-feira, 5 de março de 2012

A mesmisse do futebol brasileiro!

Opinião do blog, por Bira Pimentel.
O calendário do futebol brasileiro, inalterável desde a idade da pedra, é mais chato a cada ano. Os campeonatos estaduais, com as fórmulas de disputa enfadonhas de sempre, confirmam o declínio gradativo de um futebol que outrora já foi protagonista no cenário mundial e que, atualmente, não passa de mero coadjuvante. Peguemos como exemplo os dois maiores certames regionais do Brasil, os campeonatos Carioca e Paulista.
No Rio de Janeiro, onde os times ditos pequenos são abaixo da crítica, os quatro grandes – Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo – tem cada vez mais dificuldade de impor seu futebol, a despeito da imensurável diferença nas folhas de pagamentos. As partidas são medíocres, sonolentas e tecnicamente sofríveis, a exemplo do jogo de ontem entre o Flamengo e Duque de Caxias, onde cochilei durante todo o segundo tempo. Os treinadores não inovam nunca. São sempre duas linhas de quatro, na defesa e no meio de campo, e dois homens na frente. E a criatividade vai pra casa do chapéu!
No campeonato paulista é mais ou menos a mesma coisa, apesar de que os clubes do interior são um pouco mais qualificados que no Rio. Quem se tortura a ver um jogo do Corinthians, por exemplo, pode muito bem pensar que a fórmula do futebol mudou e só vale gol de cabeça. São 90 minutos de bola alçada na área na tentativa de que algum perna de pau do Parque São Jorge meta a cabeça e faça o gol. A partida de ontem contra o Santos não me deixa mentir.
Esse nivelamento por baixo tem uma única explicação: nossa “safra” de bons jogadores (notem que nem me refiro a craques, esses em franca extinção) estagnou na década de 90 do século passado. Façamos uma busca na memória acerca de qual jogador, nos dias atuais, é diferenciado no Brasil. Qual jogador desequilibra? Qual jogador decide sozinho uma partida? Essa conta certamente não enche os dedos de uma mão. Muitos pensarão em Neymar, Dedé, Paulo Henrique Ganso, talvez Lucas do São Paulo, e quem mais? Mais ninguém meus amigos. A geração é fraca, e se torna ainda mais incipiente quando lembramos da última geração de Romário, Ronaldo Fenômeno, Bebeto, Edmundo, Ronaldinho Gaúcho (aquele do passado, não a múmia pagodeira do presente), entre tantos outros.
Não nos deixemos iludir. A Copa de 2014 vem aí e a perspectiva de um novo “Maracanaço” é latente. Três ou quatro seleções no mundo jogam, na atualidade, um futebol extremamente mais produtivo que a seleção brasileira. Pelo andar da carruagem, não seria zebra, em pleno solo brasileiro, uma semi-final de Copa envolvendo Espanha, Argentina, Alemanha e Uruguai, e nós, patéticos torcedores, batendo palmas pros gringos.

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