"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





terça-feira, 9 de outubro de 2012

Eleições 2012: algumas reflexões


Opinião do blog, por Bira Pimentel
 
Com as eleições municipais finalizadas em grande parte do Brasil, são oportunas algumas reflexões acerca da nova configuração geopolítica nacional. Ao contrário da previsão unânime da grande mídia tupiniquim (ou PIG – Partido da Imprensa Golpista), não se confirmou a esperada derrota das forças de esquerda, sobretudo do Partido dos Trabalhadores. Mesmo com a avassaladora exploração midiática do julgamento do Mensalão capitaneada pelo PSDB/DEM, o PT conseguiu colocar Fernando Haddad no segundo turno em São Paulo contra o irascível e maquiavélico José Serra, que a meu ver só fez adiar por vinte e sete dias sua aposentadoria política. Soma-se a isso a vitória, já no primeiro turno, em Goiânia, a disputa no segundo turno em duas grandes capitais como Salvador e Fortaleza, e em duas menores, João Pessoa e Cuiabá.

Importante ressaltar o inequívoco surgimento de uma quarta força nacional, o PSB. Os socialistas, sob a liderança do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, tiveram uma vitória acachapante no Recife, fruto da incompetência e invencionice do PT nacional de quebrar a bem sucedida aliança com o PSB no Estado e lançar o fraquíssimo Humberto Costa a prefeito. Deu no que deu. Interrupção de uma sequência de boas administrações na capital pernambucana e, de quebra, o fortalecimento de Eduardo Campos como inconteste liderança nacional. Seguindo a linha vitoriosa do Recife, os socialistas ainda elegeram Márcio Lacerda em BH, dando uma ajudinha ao vacilante Aécio Neves, e disputarão o segundo turno em Fortaleza com Roberto Cláudio contra Elmano do PT. Aliás, na capital cearense o DEM confirmou sua vocação de cavalo paraguaio. Moroni Torgan iniciou o processo eleitoral com mais de 50% das intenções de voto contra duas figuras desconhecidas que patinavam nos 3%, Roberto Cláudio e Elmano do PT. Fechadas as urnas, o democrata ficou fora do segundo turno. Parafraseando o poeta Jessier Quirino, ô coisa bem empregada!

Na Bahia, excetuando-se Salvador e Vitória da Conquista que terão segundo turno, o PT e os partidos da base aliada foram os grandes vitoriosos com 320 prefeituras das 417 existentes. Número mais que convincente a despeito do desgaste do controvertido governo Wagner. Analisando o resultado eleitoral em seis das principais cidades baianas, podemos concluir:

Salvador: segundo turno já esperado entre Pelegrino e ACM Neto com resultado imprevisível para 04 de novembro. Das vinte zonas eleitorais da capital, Neto saiu vencedor em onze e Pelegrino em nove. Neto venceu na classe média alta e na burguesia das áreas abastadas como Barra, Graça, Ondina, Pituba e Itaigara, enquanto o PT foi vencedor nas periferias soteropolitanas. Decerto, Mário Kértez será um importante fiel da balança no segundo turno, tudo dependendo do “comerciante” Geddel Vieira Lima e seu balcão de negócios.

Feira de Santana: Vitória esperada de José Ronaldo no primeiro turno. E há de se reconhecer que Feira deu um salto de qualidade depois de José Ronaldo. Zé Neto é um político correto e certamente ainda terá sua chance de governar a princesa do sertão.

Vitória da Conquista: não obstante o segundo turno ter sido surpresa pra muitos, Guilherme Menezes deve ser reeleito em 04 de novembro. É um sujeito sério, honesto e competente, e o povo de Conquista sabe votar. Hérzem Gusmão, sinceramente! me faça uma garapa!

Ilhéus: Jabes Ribeiro, um embusteiro de plantão, foi eleito e terá nova chance de não fazer absolutamente nada nos próximos quatro anos. A campanha de Carmelita apresentou sinais visíveis de falta de recursos na reta final, contra a campanha milionária do adversário, aliado ao papel emblemático do “laranja” Jorge Luiz, do Psol, que passou a campanha inteira batendo no PT e ajudando Jabes. Com essa prática nefasta teve vinte e dois mil votos e decidiu a eleição.

Itabuna: de uma só cajadada, Vane do Renascer derrotou Azevedo, Geraldo Simões, Geddel Vieira, Aleluia e ACM Neto e o povo grapiúna confirmou sua vocação de nunca ter reeleito um prefeito na história da cidade. O resultado foi apertado, apenas 1.107 votos de diferença, haja vista que o eleitor itabunense é extremamente despolitizado e, com isso, de fácil manipulação. Importante afirmar, contudo, que a nova corrente política que dirigirá os rumos de Itabuna daqui pra frente, terá a oportunidade de tirar a cidade do atoleiro em que se encontra. Vane e Wenceslau terão muito trabalho pela frente pra reconstruir um município combalido pelo desgoverno de Azevedo e seus asseclas. Faço votos de que essa corriola nunca mais passe na porta do centro administrativo Firmino Alves. Com relação a Geraldo, Jussara e o pífio papel do PT, irei discorrer em outro artigo. É muita “merda” pra resumir num só parágrafo.

Jequié: vitória acachapante de Dra. Tânia e derrota humilhante pra Euclides Fernandes, que de quebra não conseguiu nem reeleger o filho vereador. Pro ostracismo político em Jequié, Euclides levou consigo Luiz Amaral, Cézar Borges, Leur Lomanto, Leur Lomanto Júnior além do deputado forasteiro Antonio Brito que vem fazendo piseiro na cidade.

Por outro lado, não será dessa vez que o companheiro Marcelo Aguiar tomará posse na câmara de vereadores de Jequié. Sua votação ficou aquém do esperado e certamente será objeto de análise pela coordenação de sua campanha. Aqui fica minha mensagem de otimismo para o combativo companheiro Marcelo. Na política, vitória ou derrota eleitoral faz parte do processo. É mandatório ter a sobriedade de avaliar o que deu errado, detectar os pontos de melhoria e seguir em frente, sempre.

Um comentário:

  1. Companheiro, a sua lucidez nessa análise política no pós-eleição nos dá exatamente uma idéia de como deveremos proceder nas lutas à frente. Vida Longa aos companheiros (as) eleitos e não eleitos pelo partido dos trabalhadores nesse Brasil Afora.
    Joilson Bergher

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