“DEM ressurge das cinzas e ACM Neto é eleito
prefeito de Salvador”. Confesso que uma matéria de capa nefasta como essa eu
não esperava ler durante muitos e muitos anos nos pasquins baianos. Decepção,
sim. Perplexidade, de forma alguma. Ingênuos são aqueles que pensam que o povo
é burro e manipulável. E pra completar a declaração do candidato derrotado: “o
povo de Salvador fez a escolha errada, porém aceito sua vontade”. Escolha
errada Pelegrino? O povo é soberano meu caro. Se o modelo político aviltante de
outrora está de volta, é porque os incompetentes que os sucederam assim o permitiram.
Uma sucessão de equívocos
carimbou a derrota do PT em Salvador, a começar pela escolha do candidato. Nas
três tentativas anteriores, Nelson Pelegrino já havia se revelado um candidato
fraco, de péssima oratória, hesitante e vulnerável quando temas polêmicos
vinham à tona. Dessa vez não foi diferente. Perdeu literalmente todos os
debates do segundo turno, sempre acuado ante as acusações do adversário,
recorrendo invariavelmente à enfadonha e desgastada “parceria com Lula e Dilma”.
Por outro lado, é impossível
dissociar a prefeitura de Salvador do governo do estado. ACM Neto vislumbrou
essa lacuna e explorou com exímia habilidade. Se bem avaliados fossem, o PT e
Jaques Wagner de forma alguma perderiam a prefeitura de Salvador. Acontece que
o segundo mandato de Wagner é uma cagada atrás da outra, desde a afronta e
falta de diálogo com o funcionalismo público, que transformou duas greves
legítimas em desgastante noticiário nacional por vários meses até a “benevolência”
de sustentar carlistas declarados em cargos do governo. Ou será que Otto
Alencar e sua trupe, como num passe de mágica, se tornaram de esquerda? Não tenho a menor dúvida de que, se o PSD, com
seu fisiologismo inato, se rebelar e deixar a base aliada do governo, o PT
perde a sucessão estadual em 2014.
Com a vitória de ACM Neto, o PT
baiano conseguiu a façanha de reanimar um partido político agonizante. Entre as
capitais, os Democratas haviam conquistado apenas a prefeitura da pequena
Aracaju, fruto da concepção neoliberal obsoleta de um partido em frangalhos.
Com a vitória no terceiro colégio eleitoral do país, terão uma sobrevida e a
oportunidade de ainda fazer mal a um bocado de gente.
E quanto ao futuro do PT na
Bahia, é bom abrir os olhos. Aliás, melhor arregalá-los.
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