"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Parabéns ao PT e a Jaques Wagner: vocês conseguiram a proeza de ressuscitar o carlismo na Bahia.

Por Bira Pimentel.
 

 “DEM ressurge das cinzas e ACM Neto é eleito prefeito de Salvador”. Confesso que uma matéria de capa nefasta como essa eu não esperava ler durante muitos e muitos anos nos pasquins baianos. Decepção, sim. Perplexidade, de forma alguma. Ingênuos são aqueles que pensam que o povo é burro e manipulável. E pra completar a declaração do candidato derrotado: “o povo de Salvador fez a escolha errada, porém aceito sua vontade”. Escolha errada Pelegrino? O povo é soberano meu caro. Se o modelo político aviltante de outrora está de volta, é porque os incompetentes que os sucederam assim o permitiram.
Uma sucessão de equívocos carimbou a derrota do PT em Salvador, a começar pela escolha do candidato. Nas três tentativas anteriores, Nelson Pelegrino já havia se revelado um candidato fraco, de péssima oratória, hesitante e vulnerável quando temas polêmicos vinham à tona. Dessa vez não foi diferente. Perdeu literalmente todos os debates do segundo turno, sempre acuado ante as acusações do adversário, recorrendo invariavelmente à enfadonha e desgastada “parceria com Lula e Dilma”.
Por outro lado, é impossível dissociar a prefeitura de Salvador do governo do estado. ACM Neto vislumbrou essa lacuna e explorou com exímia habilidade. Se bem avaliados fossem, o PT e Jaques Wagner de forma alguma perderiam a prefeitura de Salvador. Acontece que o segundo mandato de Wagner é uma cagada atrás da outra, desde a afronta e falta de diálogo com o funcionalismo público, que transformou duas greves legítimas em desgastante noticiário nacional por vários meses até a “benevolência” de sustentar carlistas declarados em cargos do governo. Ou será que Otto Alencar e sua trupe, como num passe de mágica, se tornaram de esquerda?  Não tenho a menor dúvida de que, se o PSD, com seu fisiologismo inato, se rebelar e deixar a base aliada do governo, o PT perde a sucessão estadual em 2014.
Com a vitória de ACM Neto, o PT baiano conseguiu a façanha de reanimar um partido político agonizante. Entre as capitais, os Democratas haviam conquistado apenas a prefeitura da pequena Aracaju, fruto da concepção neoliberal obsoleta de um partido em frangalhos. Com a vitória no terceiro colégio eleitoral do país, terão uma sobrevida e a oportunidade de ainda fazer mal a um bocado de gente.
E quanto ao futuro do PT na Bahia, é bom abrir os olhos. Aliás, melhor arregalá-los.
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário