"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





segunda-feira, 2 de abril de 2012

"Veja" perde até eleição para DCE da USP

por Rodrigo Vianna, no Escrevinhador.

Dia desses eu caminhava pelos corredores da USP (distraído, mas sem pisar os astros), quando um rapaz se aproximou com um panfleto: “o senhor já sabe em quem votar pro DCE?”. Duas coisas me chamaram atenção: o tratamento formal (“senhor”, eu?) e o nome da chapa em que ele pedia o voto – “Reação”.

Afastado há duas décadas da universidade, iniciei há pouco um curso de Mestrado na FFLCH – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Pouco sei sobre as atuais disputas políticas na USP. Um colega mais jovem socorreu-me: “essa aí é a chapa da direita”.

Na minha época, a chapa da “direita” em geral era a chapa do partidão (agrupamento, aliás, do qual eu era próximo – como já contei aqui). Mas agora a direita é a direita mesmo, contou-me o jovem colega do Mestrado.

Além da “Reação” (voltaremos a ela logo adiante), havia mais quatro chapas -todas de esquerda, com suas várias facções… Meu velho DNA do partidão fez-se presente. A partir daquele momento, eu precisava saber qual das 4 chapas tinha mais chance de ”derrotar a direita”. Voto útil!!!

Sinal dos tempos, a chapa de esquerda mais forte não era aquela que reunia PT-PCdoB. Mas uma outra, com integrantes do PSOL e do PSTU. Votei nessa, pra derrotar a direita. 

Dias depois, num churrasco de blogueiros sujos, meu colega Renato Rovai informou-me que um dos articuladores e divulgadores da tal chapa “Reação” era aquele blogueiro da “Veja”, a quem o Leandro Fortes já chamou de “Exu” (numa clara ofensa – registre-se – à entidade religiosa, que não merece ser comparada ao tipo bilioso da “Veja”).

Ou seja: a revista dos Civita perde até eleição pro DCE!
Na USP, o blogueiro da “Veja” perdeu pro PSTU e pra esquerda do PSOL. Vai ganhar de quem?

O Rovai resumiu bem a história: o blogueiro da “Veja” ainda é jovem (deve estar só com uns 50 anos, portanto na idade ideal pra envolver-se em campanhas estudantis!), tem tempo ainda para aprender com a derrota. E o Rovai concluiu: não sei o que é pior pra “Veja” – perder a eleição para o DCE da USP ou ver o que está acontecendo com a dupla Demóstenes Torres e Policarpo Jr. 

Mas não é só a “Veja” que precisa entender melhor o que se passa… O resultado final da apuração mostrou que a chapa apoiada por correntes do PT e PCdoB recebeu 2% dos votos!!! Isso mesmo: 2%.

Ou seja: na USP, o PT e o PCdoB estão bem pior do que a “Veja”. Com a militância envelhecida e – até certo ponto – amortecida pelo burocratismo, PT e PCdoB terão sérias dificuldades em falar pra geração que chega agora à universidade.

OK. A USP não é representativa de toda a diversidade brasileira.  Mas a eleição devia  servir como (mais um) sinal de alerta. O PT envelheceu. Não vai ganhar mais eleição falando só que “os tucanos privatizam” ou que “Lula tirou milhões de brasileiros da miséria”.
 Isso já não basta. A turma da USP quer mais que isso. E a galera das periferias também.

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