"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O descaso dos prefeitos que perderam as eleições

Lixo sem recolhimento no calçadão da M. Paranaguá - Ilhéus
Por Bira Pimentel.
 
Parafraseando o poeta Jessier Quirino, grande representante do folclórico imaginário popular do Nordeste, em seu poema "comício de bêco estreito", "passadas as eleições, foda-se povo, foda-se projetos, foda-se cidade, foda-se tudo". É justamente esse o cenário desolador que se revela em Itabuna, Ilhéus e Jequié, pra não falar de outros milhares de municípios Brasil afora.
 
Ruas e avenidas emporcalhadas com lixo e urubus por todo canto, salários do funcionalismo atrasados há dois, três meses, serviço de água racionado, entre outros desmandos. Fica a primeira pergunta: tivessem esses prefeitos irresponsáveis ganho as eleições, seus municípios estariam nessa situação calamitosa? certamente não. Mas no Brasil as coisas funcionam assim às avessas e daqui a dois ou quatro anos esses mesmos asnos voltarão ao rádio e à TV com a cara mais deslavada do mundo pedindo voto, e o povo desmemoriado vota.
 
A despeito da grande contribuição ética, política e social da Lei de Responsabilidade Fiscal, os governantes em fim de mandato, sem ter dinheiro em caixa - até porque já remanejaram a verba pública pra pagar a malograda campanha, ou mesmo pra provisão financeira particular após janeiro - apelam para o artifício "legal", diga-se de passagem, da demissão em massa do funcionalismo, sob pena de tornarem-se inelegíveis em razão de inadimplência. É o caso de Jequié e Ilhéus, onde os funcionários não-efetivos estão sendo sumariamente demitidos. Daí vem a segunda pergunta: porque esse enxugamento de folha não se deu no curso do mandato? E essa é muito fácil de responder. O velho cabide de emprego é imprescindível para o nepotismo, o fisiologismo, o clientelismo, e tantos outros "ismos" que atravancam a política e o estado brasileiro.
 
Que essa conduta nefasta sirva de exemplo para conscientizar o cidadão, no sentido de diferenciar o político sério do aventureiro e canastrão, para que doravante possamos dar um cartão vermelho a esses políticos venais.
 
Saudações.

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