"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





sábado, 19 de novembro de 2011

Zumbi e Palmares: As lutas ainda são as mesmas!

Zumbi e Palmares: As lutas ainda são as mesmas! 
20 de Novembro de 2011
*Joilson Bergher
Artigo. 

Para uns, Palmares, nos registo da historia seria de inspiração Marxista, sendo aí um reduto onde prevalecia a luta de classes, senhores contra escravos e escravos contra senhores. De outro lado, um espaço onde prevalecia o que se conhece como relações coletivas... o certo é que Palmares adotou a metodologia que é aprender com o passado para conseqüentemente construir o futuro em Palmares, isso significa (re) discutir no nosso meio a continuação do Reino de Ndongo, Angola no Brasil. Par além do tráfico e comércio triangular Angola-Pernambuco-Europa, precisamos aqui no Brasil cultivar e afirmar uma busca intensa de afirmação da liberdade a partir do conhecimento d'África, formatar uma vasta rede de cultura, valores, linguagem identidade, pertencimento, instituições, ong's. O direito a vida, o fim da brutalidade policial, terra para os quilombolas, acesso à saúde, ao emprego e renda, às universidades, liberdade de culto, são temas ainda em debate, ou melhor, estão aí, desde 1695, quando o Estado  Policialesco do Brasil, destroçou, destruiu, invisibilizou o cidadão Zumbi e a possibilidade concreta de uma República libertária chamada Palmares.

 É sintomático quando vejo os indicadores de exclusão social de negros e negras por exemplo, de um dos principais setores produtivos do Brasil: bancos. Pouco negros em cargos de chefias. É incrível para não dizer torpe a reação alucinada de uma elite perversa e que nos vê como inimigos em potencial. É fato a explosão de terrorismo cultural e político desse elite apoiada numa mídia que os representa, quando falamos em Estatuto de Igualdade Racial quando em seu Art. 1, está escrito - “Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica”. Tal estatuto vem sim denunciar o próprio Estado pela desigualdade racial, diferenciação de acesso ao conhecimento, e é para isso que existe a política de cotas, acesso a bens, serviços, e oportunidades, nas esferas públicas e privadas,  políticas públicas e programas adotados  pelo Estado no cumprimento de suas atribuições institucionais; livros e noticiários de Tvs, alardeiam uma 'Pré-tensa guerra Racial”, acusando os negros de racismo. Chega a ser ridículo essa reação que é ideológica e sua ampla e irresponsável difusão conta ainda com a cumplicidade de uma parte considerável da sociedade brasileira. Portanto, falta conhecimento, estudo, escrito, vivência. Esse povo não conhece a história do Brasil, provavelmente, nem sabe onde fica a África (?). “Encarregado de fazer um estudo sobre os negros no Brasil para a UNESCO, Florestan Fernandes, em 1951, passou a pesquisar a relação raça e classe em São Paulo. Nesta ocasião, lançou-se ao confronto da idéia de que no Brasil existia uma “democracia racial”, fundamentada por Gilberto Freire. Para o escritor baiano, a harmonia racial seria a contribuição brasileira para as relações sociais de outros povos  (...) Para ele, no Brasil classe e raça são dois elementos explosivos e revolucionários e que por isso devem ser unidos. Simbolicamente o 1º de maio dia do trabalho e 20 de novembro dedicado a Zumbi, representam os laços econômicos, morais e políticos que prendem os oprimidos entre si e subordinam todas as suas causas a uma mesma bandeira revolucionária. Assim, os comunistas devem saber que o “preconceito e a discriminação raciais estão presos a uma rede da exploração do homem pelo homem e que o bombardeiro da identidade racial é prelúdio ou o requisito da formação de uma população excedente destinada, em massa, ao trabalho sujo e mal pago...” (Florestan, 1989, p.28). Revista Espaço Acadêmico, nº 40, set, 2004. Portanto, as tarefas desse movimento em torno de mais um 20 de novembro negro parecem ser muito mais complexas do que se possa imaginar. Os negros possuem uma dupla tarefa, a de desvendar os motivos pelos quais são operários e também pelos quais são submetidos ao racismo pelas elites em geral, mas fundamentalmente a branca. Tais reivindicações fazem parte de um profundo e amplo projeto de nação realmente revolucionário, pois tem como objetivo desmistificar a realidade criada pelas elites do Brasil. Então quais os objetivos imediatos? Desmistificar, denunciar, extirpar a realidade criada pelas elites brasileira. Fácil não vai ser, nunca foi, mas os negros têm como desafio premente exterminar e eliminar  da nação brasileira uma parte significativa das formas estranhadas de entender a sua sociabilidade. E neste sentido, um dos primeiros obstáculos a ser superado corresponde à teoria da existência de uma “democracia racial”, ainda existente. Eis o debate, mas aqui, extremamente propositivo e com lastro baseado na história.  Concluo: “Não quero ter mais como bem disse um militante Jovem Militante do Movimento negro de Cachoeira ( Clicio), ter que enterrar o Bruno, o Carlinhos, o Warley e tantos outros irmãos da quinta serie, que cresceram ao meu lado e hoje já não se encontram mais, é, chegada a hora de ver todos juntos envelhecendo e podendo viver a vida”!
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*Joilson Bergher, professor Licenciado em História, Uesb,  da Rede pública Municipal em Brumado, Bahia. Graduando em Filosofia, Uesb. Pós Graduado em Metodologia do Conhecimento Superior, Uesb e Pesquisador Independente do negro no Brasil.

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