"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O Legado de Getúlio: “...saio da vida para entrar na história”.

Opinião do Blog, por Ubirajara Pimentel.

Há 57 anos, num 24 de agosto como hoje, Getúlio Vargas pôs termo à própria vida com um balaço no coração,  deixando estarrecida toda uma nação. Incontáveis foram as contribuições de Getúlio para a configuração do Brasil que temos hoje. Personagem controverso, Vargas governou o Brasil por dezoito anos e meio e é reconhecido como uma das figuras mais influentes da história contemporânea brasileira.
O “pai dos pobres”, como até hoje é conhecido, instituiu o voto feminino no país, até então inconcebível, instituiu o salário mínimo, o direito a férias, o direito de greve, a jornada de trabalho contada em horas e a indenização por tempo de serviço. Criou a Petrobrás, a Universidade de São Paulo e a CSN, preponderante para a industrialização do país, entre outras inúmeras realizações.
No início da década de 50, no Brasil existia um verdadeiro abismo entre as classes dominantes do centro/sul do país e as classes populares que passaram a ser beneficiadas com contundentes políticas de inclusão social de plataforma nacionalista. A direita da época – o tucanato de hoje – não admitia aquela inversão de prioridades implementada por Getúlio, de modo que perdia uma eleição atrás da outra e se vendo acuada apelou para os quartéis engendrando sucessivos golpes a partir de 1945 até conseguirem em 64.
Vargas foi infeliz, é verdade, em algumas tomadas de decisão, sobretudo quando entregou Olga Benário de bandeja pro Nazismo, quando instituiu a censura a alguns órgãos de imprensa e quando se cercou de alguns assessores incompetentes, contudo suas virtudes superaram todos os deslizes.
Numa analogia com os dias atuais, as bandeiras da direita e da esquerda seguem inalteradas. O neoliberalismo e o denuncismo deliberado de um lado, e a defesa dos interesses nacionais e das classes menos favorecidas do outro.
Fiz questão de escrever essas linhas em homenagem a Getúlio Vargas, um dos três estadistas que o Brasil já teve, junto com Juscelino e Lula. Seu legado ficará para a posteridade e nada mais original do que transcrever o último parágrafo da carta que Getúlio deixou à nação antes da morte.
“Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.”

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