"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





terça-feira, 8 de maio de 2012

Disputa territorial entre Itabuna e Ilhéus: DEBATE IMPRODUTIVO!

Bira Pimentel: Leiam a matéria. Comento na sequência.

Do Pimenta na Muqueca.

A proposta da Prefeitura de Itabuna de tomar parte do território ilheense onde está situada a loja do Makro, no quilômetro 24 da rodovia Ilhéus-Itabuna (BR-415), foi rebatida pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Nesta terça, 8, houve reunião entre representantes da SEI e das prefeituras dos dois municípios, em Salvador, quando a SEI negou o pedido itabunense, conta o Jornal Bahia Online.
Itabuna também quer que os novos limites territoriais avancem até a área próxima à sede regional da Ceplac, no quilômetro 19 da rodovia que integra os dois municípios. O chefe de Gabinete do prefeito Newton Lima, José Nazal, disse ao JBO que Ilhéus não acatará o pedido, que significaria “perda substancial de terras para Itabuna”.
A área vizinha à Ceplac pretendida por Itabuna é tida como estratégica, pois é apontada como área possível para a construção do novo Aeroporto Internacional. E poderia também abrigar a sede da Universidade Federal do Sul da Bahia (Ufesba) caso a proposta itabunense fosse aprovada.
Após as discussões técnicas, novo embate entre Ilhéus e Itabuna acontecerá na Assembleia Legislativa, que dará a palavra final neste imbróglio que reacende as disputas das décadas de 60 e 70. Ganhará quem tiver mais força política.

Voltei: 
A contenda territorial entre Ilhéus e Itabuna, que remonta da década de 60, é um desses assuntos chatos e improdutivos que em nada contribui para o desenvolvimento econômico do sul baiano. A visão míope das lideranças regionais secundariza a discussão do que realmente importa, um planejamento estratégico amplo e irrestrito de criação de uma região metropolitana economicamente forte e que envolva projetos estruturantes que possibilitem a saída de Itabuna e Ilhéus do atoleiro em que se encontram.
Me recordo agora das aulas de economia regional do professor Marcelo Santos na Uesc, lá pelos idos de 92, em que era recorrente o discurso de que o sul da Bahia vivia do passado áureo do cacau cuja economia já vinha sendo combalida pelo advento da vassoura de bruxa. E notem que me refiro a noventa e dois, ou seja, vinte anos atrás. De lá para cá, Itabuna e Ilhéus só fizeram involuir com ingerência política de péssima qualidade, prefeitos medíocres e deputados inoperantes. Os céticos podem até argumentar que não só Itabuna e Ilhéus mas todo o Brasil estagnou na década de noventa. Tudo bem, concordo que FHC quebrou o país e deixou um legado de caos social. Contudo, a eleição de Lula em 2002 possibilitou a retomada do crescimento  econômico, da geração de emprego e renda, e nesse ínterim Itabuna e Ilhéus assistiram de camarote a alavancagem econômica de Vitória da Conquista, Teixeira de Freitas, Barreiras, Juazeiro, entre outros municípios até então de menor porte. Resultado: temos por um lado um Brasil e uma Bahia que crescem, e por outro uma Itabuna e Ilhéus que regridem com os modelos anacrônicos de governar de seus Fernandos, Geraldos, Jabes, Azevedos e por aí vai...
Na realidade, existe um imenso potencial econômico sub-explorado na região cacaueira. Itabuna e Ilhéus, juntas, podem ser muito fortes. Não só o turismo, fruto de uma característica inata de Ilhéus, e que mesmo assim é decadente, mas o comércio, a indústria e a agricultura bem pensados e estruturados, podem se constituir no motor de alavancagem do desenvolvimento regional. Teremos em breve uma importante ferrovia que escoará para outros continentes, através do porto-sul, boa parte das riquezas nacionais. Teremos um aeroporto internacional na região. Teremos uma universidade federal na região. E diante de toda essa perspectiva de desenvolvimento sócio-econômico, os imbecis que governam Ilhéus e Itabuna, fazem incursões na BR 415 discutindo aonde irão fincar uma estaca de divisão territorial dos dois municípios. Desculpem a franqueza, mas a chegada dos 40 anos nos fazem mais intransigentes com os embusteiros políticos que sempre fizeram essa região agonizar. Bira Pimentel.

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