"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





terça-feira, 15 de maio de 2012

Sugestão de leitura: "Apoiando Hitler - Consentimento e Coerção na Alemanha Nazista"

Por Bira Pimentel.
O livro “Apoiando Hitler - Consentimento e coerção na Alemanha Nazista””, do historiador Robert Gellately, pode ser considerado como um desses textos que destoam da vasta literatura já produzida sobre o Nazismo e a Segunda Guerra Mundial. Recheado de documentos que comprovam sua tese, o autor revela que, ao contrário do que pensa boa parte da opinião pública internacional, o povo alemão consentiu e apoiou as atrocidades implementadas por Adolf Hitler. Contudo, essa atitude de consentimento da população alemã para com o Nacional-Socialismo, deve ser entendida dentro do contexto histórico em que a Alemanha vivia na época. A chegada do Partido Nazista ao poder em 1933, e a consequente indicação de Hitler como chanceler do III Reich, se deu num momento em que a Alemanha vivia mergulhada numa tremenda recessão econômica com desemprego em níveis estratosféricos, inflação galopante, a auto-estima da população abalada pela perda da Primeira Guerra Mundial e com o governo anterior – A república de Weimar – sem conseguir debelar a crise social que se avolumava. Dessa forma, a partir de fevereiro de 1933, os Nazistas foram extremamente competentes em estabilizar a economia, gerar empregos e restabelecer o sentimento nacionalista na combalida sociedade alemã.
Acontece que a verdadeira filosofia nacional-socialista viria a tona no decorrer da década de 30 com a corrida armamentista e a implacável perseguição aos judeus. Nesse período, mais ou menos 1935/36, a população alemã já estava ganha para a causa Nazista. O país tinha conseguido sair da crise econômica, os empregos voltaram e com ele a auto-estima arraigada no patriotismo do povo. O que se observou a partir daquele período até a efetiva perda da guerra em 45 foi não só o consentimento da sociedade alemã com todos os crimes do füher, como principalmente, a participação direta de homens e mulheres na delação dos supostos “inimigos” da nação. A Gestapo – polícia política do Terceiro Reich, comandada por Goring – recebia diariamente um incontável número de denúncias de alemães civis contra judeus e estrangeiros e não hesitava em prender, torturar e matar milhares de não-alemães sem nenhum julgamento prévio.
O livro é bastante envolvente e contribui efetivamente para uma compreensão mais aprofundada dos meandros do Nazismo no período mais triste da história da humanidade. Vale a pena ler.

Nenhum comentário:

Postar um comentário