"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





segunda-feira, 28 de maio de 2012

Imprensa: a deformação moral que envergonha o país

Artigo

*Joilson Bergher

Deformada, vendida, medíocre, fascista, desumana, aviltante, A-ética, grosseira, humilhante: assim está parte da imprensa no Brasil. Muito difícil, afirmo, impossível se calar diante de mais um fato extremamente lamentável, cruel - quando uma Pseudo-jornalista  externando exatamente um conteúdo, o pensamento arcaico, conservador, sexista, racista, classista, SIONISTA dessa tal emissora, melhor, de todas elas! O fato: O Programa se chama 'Brasil Urgente', 12ª delegacia de Itapuã, o cidadão acusado de estupro Paulo Sérgio Silva Cunha, é exposto ao 'mundo' não pelo fato do estupro em si (?) Mas por não saber pronunciar uma determinada palavra do vocabulário no Brasil. O determinante em tal episódio é o fato de o acusado ter a pele preta, ser desdentado e desempregado, ter cabelo crespo, não ter ido a escola.
Fico com vergonha, perplexo ao ver como a propaganda midiática em torno do 'vampirismo de programações baixas', tratando de noticias do cotidiano de determinada categoria social do país. São porcos e manipuladores. Essa aprendiz de repórter ao humilhar o rapaz, revela todo o seu desprezo a quem de fato não teve ou não tem tido a possibilidade de acesso ao conhecimento, mínimo que seja. Aliás, ela mesma, tem a pele clara, lisa, bem vestida, deve ter tido acesso a boas escolas, usa bons perfumes, se depila, deve ter veículo próprio. Importante atentarmos para afirmação do professor-Doutor em Comunicação e Ética da UFBA, Edson Fernando Dalmonte “O discurso da repórter representa uma parcela da população.
O argumento dela parta da idéia de que existe duas categorias de humanos: os com direito e os sem. Ele me parece detentora dos direitos humanos ao mesmo tempo em que aquele rapaz pobre, negro, desdentado não tem direito algum. Ela tem e ele não, então ela pode fazer o que quiser. Faltou apenas bater na cara dele. De resto, ela fez absolutamente tudo”. Jornal A tarde, 26, maio, 2012. Essa criatura nunca leu Jungen Habermas, ou ainda,  Horkheimer, Marcuse, Adorno teóricos da Escola de Frankfurt. Tal escola de pensamento social contemporânea contribuiu de forma decisiva para o desenvolvimento do estudo da comunicação. É importante ressaltar que 'tais' conceitos dessa importante escola do conhecimento precisa ser compreendido no contexto da dialética da razão, conforme a qual o movimento da razão gera contraditoriamente a desrazão. “A modernidade, cujo projeto se colocou sob abrigo da razão, visa à emancipação e à auto-realização do ser humano, mas seu resultado histórico é, antes, o contrário, a racionalização da dominação social, a destruição da natureza e a coisificação do homem”. Francisco Rüdiger, professor de Comunicação. E na condição de coisa, há naturalmente a desumanização do ser, o homem então então passa a condição de bicho. É o receituário religioso: homem sem alma, cheio de pecados e que deve ser chicoteado, redimido. Está claro. A tal repórter não errou sozinha. Com ela estava todo o aparato: produtores, diretores...demiti-la (?) Pôncio Pilatos lavou as mãos no episódio da Morte de Jesus, o Cristo. Cobro mobilização mas também investigação e punição O Ministério Público desse Estado da Bahia precisa intervir urgente, tirar do ar tais programas televisivos.
Tendo por base o art. 5º, V, da nossa Carta Constitucional, admite reparação para três tipos de danos: o material, o moral e o dano à imagem. Não só é possível, mas principalmente justa, a cumulação do dano estético com o dano moral por serem dois tipos diferentes de danos morais à pessoa, ou seja, atingem bens jurídicos diferentes. O dano estético (dano físico) ofende um dos direitos da personalidade, o direito à integridade física. Não precisa ser provado. O sofrimento e a dor integram esse tipo de dano. O dano moral é o dano à imagem social, à nova dificuldade na vida de relação, o complexo de inferioridade na convivência humana. O que fazer (?) Cumprir a lei! Essa Imprensa que me envergonha violou Direitos Constitucionais do Acusado. Essa ação criminosa revela assim todo o mal social de uma imprensa que causa danos, que corrói parte da sociedade. Opressão, miséria, corrupção da ordem social, para esse tipo de imprensa (?), plenamente normal. É repugnante ver perniciosos costumes sendo revelados para enfim atender sujeitos que usurpam direitos sociais construídos de forma coletiva. Esse padrão de Mídia que manipula e degenera o Estado precisa ser banido do convívio social, ou então, se dissolva o Estado. Me recuso à servidão e a miséria.
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Joilson Bergher, jbergher@hotmail.com,  professor de História, Especialista em Metodologia do Conhecimento Superior, Pesquisador Independente do negro no Brasil, Estudante do Curso de Filosofia, Uesb – Vitória da Conquista, Bahia.





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