"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Balanço de Lula: A tecnologia Social

Bira Pimentel: mais uma excelente análise do Nassif. Vale a pena ler.

Por Luiz Nassif.

Há muitos aspectos a se analisar no governo Lula, um conjunto de circunstâncias formadas a partir dos anos 80 e que ganharam nova dinâmica no seu governo.
Mas o ponto central, o que marcou a diferença de outros governantes, foi o perfeito entendimento sobre a mobilização da sociedade civil brasileira, processo que se inicia timidamente com as diretas, ganha institucionalidade com a Constituinte, acelera-se nos anos 90 com o aparecimentos das organizações sociais e ingressa em uma dinâmica extraordinária nos últimos anos.
No fundo, o que diferencia países desenvolvidos daqueles apenas emergentes é a vitalidade da sociedade civil, a capacidade de organização em todos os níveis, de setores industriais a ONGs, de pequenos agricultores a grupos de inovação. É em cima dessa teia social que circula o sangue das inovações, das novas informações, das demandas sociais e políticas.
O grande mal que o período militar causou ao país foi ter inibido as formas de organização social em um momento em que o país se industrializava .
Permaneceram algumas organizações civis, como as associações comerciais, clubes de serviço (Rotary, Lyons), algumas irmandades religiosas (Vicentinos), a maçonaria.
Os novos agentes
A partir dos anos 80 entram em cena outros agentes, dois especialmente relevantes: o novo sindicalismo, nascido no ABC, e as comunidades eclesiais de base, ligadas à Igreja Católica. São dois movimentos que estão na base da criação do PT.
O PT foi constituído por um arquipélago de tendências políticas. O desafio de Lula era o de mediar os conflitos, promover a soma de tendências distintas e impedir a saída dos eventualmente derrotados.
Dos sindicatos e da militância católica, o PT traz a herança das infindáveis discussões, das assembleias longas, buscando sempre o consenso.
Quando Lula assumiu a presidência, a criação do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) provocava o receio de que o novo governo fosse apenas uma sucessão interminável de assembleias sem ação efetiva.
Com o tempo, percebeu-se que esse era o diferencial, ao trazer à tona o enorme potencial de ideias e de aplainar a caminhada através da formação de consensos sucessivos
O modelo Lula de governar se assentou nos seguintes princípios:
1. Amalgamar vários setores em torno de um projeto único. A noção fundamental passada foi a de que o país era a soma de todos; que conflitos podem ser administrados; e que haveria a necessidade de abrir espaço para as expectativas de cada agente.
2. A capacidade de ouvir todos os lados antes de tomar as decisões. Das reuniões do CDES brotaram inúmeras sugestões valiosíssimas para políticas públicas. Assim como planejamento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do programa Minha Casa, Minha Vida.
3. A tecnologia social, herdada dos movimentos sociais. Foi essa tecnologia que permitiu o avanço da agricultura familiar (com o programa do biodiesel e o financiamento aos pequenos agricultores, entre outros programas), a organização de grupos 

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