"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O espinhoso desafio da presidente Dilma

Opinião do Blog.
Por Ubirajara Pimentel 
Na Indústria Farmacêutica convencionou-se que o crescimento de “market share” num determinado setor é deveras mais fácil de ser obtido quando os resultados atuais são pífios. Ou seja, num cenário positivo, manter números favoráveis e crescer em cima deles é muito mais difícil quando comparado a um quadro adverso em que o incremento de cada ponto percentual representa melhoria substancial na performance do negócio.
Fazendo analogia com a conjuntura política e econômica herdada por Dilma Rousseff, ao contrário da grande maioria dos cientistas políticos, jornalistas e economistas, eu penso que a Presidente Dilma terá um íngreme caminho nos próximos quatro anos.
Lula assumiu a presidência em 2002 com o Brasil pedindo socorro: um antecessor desmoralizado; desemprego galopante; empresas públicas privatizadas a preço de banana; dívida interna e externa no limite da insolvência; balança comercial negativa; trinta milhões de brasileiros na extrema miséria e um quadro de total subserviência nas relações internacionais. Contudo, ignorou a herança maldita de FHC, arrumou a casa, criou uma “UTI Social” – O Bolsa Família – interrompeu as privatizações, fomentou a agricultura familiar, retomou a geração de empregos formais e, entre diversas outras virtudes, devolveu ao povo brasileiro a dignidade e a auto-estima que havia sido usurpada pelos famigerados tucanos.
Dilma, por sua vez, recebe o país nos trilhos com a inflação controlada e com uma perspectiva de crescimento do PIB para 2011 acima de 7%. Não obstante esse horizonte de bonança, não nos enganemos com a cor da chita. A cobrança da sociedade por resultados do governo Dilma vai ser contínua. A oposição da velha mídia (os Marinho, os Frias e os Mesquita), que ainda não engoliram o fato de não ter conseguido eleger José Serra, será contundente. A correlação de forças no congresso, ao contrário do que muitos pensam, será instrumento de conflito, pois apesar da grande maioria dos deputados da situação, exceto PSB e PCdoB, os demais partidos são extremamente fisiologistas. Tudo terá que ser barganhado na Câmara e no Senado, a começar pela presidência das duas casas.
Enfim, a presidente Dilma será efetivamente testada e terá que conduzir o país com uma habilidade política profunda. Seu Staff mais próximo tem competência comprovada para auxiliá-la nessa contenda. De qualquer sorte, seu grande trunfo reside no fato de que, na adversidade, poderá aconselhar-se com um cidadão pernambucano domiciliado em São Bernardo do Campo.

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