"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Delegado bate em cadeirante: exemplo de otoridade

Por Renato Rovai, em seu blog

Há um certo grupo de autoridades, boa parte vinculada ao serviço policial, que usa e abusa do seu suposto poder.

Uma história que acabo de ler, ocorrida em São José dos Campos, é exemplar do uso dessa prerrogativa de “autoridade”, no populacho, “otoridade”.

Leia trechos da matéria que pesquei no Globo.com

Cadeirante é agredido por delegado que estacionou em vaga exclusiva

Um advogado cadeirante foi agredido por um delegado na tarde de segunda-feira (17), em São José dos Campos, a 97 km de São Paulo. A briga começou por causa de uma vaga especial para deficientes físicos.

O advogado Anatole Magalhães Macedo Morandini, de 35 anos, disse ao G1 nesta quinta-feira (20) que naquele dia, por volta das 17h, foi de carro a um cartório no Centro da cidade. Ao procurar a vaga exclusiva na rua, encontrou outro veículo estacionado nela. “Não tinha nenhum selo nem nada que sugerisse que o proprietário fosse deficiente”, afirmou.

Morandini encontrou um lugar mais à frente, a cerca de 200 metros, estacionou e, em seguida, seguiu em sua cadeira de rodas até o cartório.

Quando se aproximou da entrada, viu o delegado Damasio Marino, que não é deficiente, caminhando até o veículo parado na vaga especial. “Fui chamar sua atenção. Mas ele me constrangeu fisicamente. Ficou em pé na minha frente. Mesmo assim, disse que ele estava errado”, contou.

Ainda de acordo com o advogado, ambos começaram a trocar insultos e o policial o xingou de “aleijado filho da p…”. “Revoltado e enojado”, Morandini cuspiu na direção do delegado. Em sua versão, o cuspe atingiu o vidro do automóvel. Marino, porém, disse que recebeu a cusparada no rosto. “Ele sacou uma arma e perguntou se eu queria morrer. No momento, não sabia que ele era policial. As pessoas que passavam pela rua saíram correndo”, contou o advogado. “Quando ele mirou na direção da minha cabeça, só consegui virar o rosto”, acrescentou Morandini, que ficou paraplégico aos 17 anos após levar um tiro na coluna durante um assalto. A versão dos dois difere em relação à agressão que se seguiu.

É deprimente que um delegado se sinta no direito de estacionar numa vaga de cadeirante e ainda agrida-o porque foi questionado pela estupidez.

O mais triste é que provavelmente o cadeirante, que é advogado, vai começar a ser ameaçado e coagido a retirar a queixa.

Essa história só não terminará assim se muita gente divulgá-la.

Cadê o presidente da OAB que foi tão atento pra questionar o passaporte especial para os filhos do presidente? Vai ficar quietinha, calada, como sempre fica em casos como este?

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