"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Um livro providencial que ajuda nestas horas

Bira Pimentel: boa sugestão de leitura do velho Kotscho.
Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho
Assunto é o que não tem faltado. Nenhum colunista ou blogueiro pode se queixar. Eu é que ando sem vontade de escrever, como vocês podem ter notado. Quando a gente não tem o que dizer, melhor é ficar quieto, pensar no que está acontececendo, tentar entender antes de tirar conclusões ou tomar decisões.
Em meio às desgraças dos últimos dias, onipresentes no noticiário, que nos sufocam a alma, a nossa vida continua seguindo e, a cada manhã, precisamos encontrar forças para tocar o barco, seja em meio às enchentes ou na rotina do cotidiano.
Nestas horas, nada melhor do que se dar um tempo e ler um bom livro que possa ajudar nas nossas reflexões. Para minha sorte, caiu-me nas mãos, logo cedo nesta manhã de segunda-feira, “A vida é feita de escolhas”, de Dalcides Biscalquin, autor que eu não conhecia.
Dei uma olhada e comecei a ler o livro, muito providencial para estes tempos de tanta dor e sofrimento, antes mesmo de pegar o jornal, o que é raro, e só parei agora para escrever este post porque já andava com saudade de vocês. Bela descoberta que eu fiz.
Paulista de Piracicaba, ex-padre, 43 anos, hoje casado, o autor é mestre em Comunicação, licenciado em Filosofia e bacharel em Teologia, já foi gerente de marketing da TV e Rádio Cultura e atualmente é professor em duas faculdades de São Paulo, além de produzir e apresentar programas de rádio e televisão.
Apresentado o autor, e como não tenho nada de novo para vos contar, melhor é passar a palavra logo a ele e reproduzir abaixo o primeiro capítulo do livro (todos são bem curtinhos) que dá uma boa idéia da obra.
Sobre os grandes ideais
O meu coração vai ao encontro daquele coração que neste momento se sente abandonado, sozinho, sem esperança, sem vida. A minha palavra segue na direção daquele coração que sofre.
Junto-me àqueles que sentem uma dor do passado. A dor de uma perda. A dor de uma rejeição. A dor de um fracasso. A dor de uma injustiça. A dor de uma ausência.
Coloco todo o meu amor em cada palavra, pois o amor tem o poder de curar. Lembro-me com saudade da infância, quando a gente, brincando, caía e se machucava. Todos tínhamos a mesma reação: voltar correndo na direção da mãe. E quantas vezes a mamãe dizia: “Vem cá, vou dar um beijinho e vai sarar. Pronto, já passou. Pode voltar a brincar”.
Até hoje eu me pergunto sobre o poder que havia naquelas palavras. Como num passe de mágica a dor ia embora e a gente voltava a brincar alegremente.
Passei a acreditar que a palavra nascida de um coração que ama pode ser o bálsamo que acalma e alivia a dor. Com a mesma ternura que eu ouvia aquelas palavras na infância, hoje quero lhe dizer: “Pronto, já passou. Volte à vida”.
Talvez você tenha perdido muito tempo com lamentações, tido muitas noites maldormidas atormentado pelas suas preocupações e amedrontado pelos seus fantasmas interiores.
Hoje é o dia de voltar à vida. Despedir-se de tantas culpas do passado. Todo mundo erra, e quem não errou que atire a primeira pedra, como já disse Jesus. Comece a dar o primeiro passo: perdoe a si mesmo. Não importa o tamanho da sua culpa, dos seus erros, há um amor maior que tudo, capaz de invadir seu coração e devolver-lhe a vida. Dar o perdão a si mesmo é se dar o direito de sorrir novamente. E é preciso paz interior para poder sorrir de verdade.
Deixe de lado o pessimismo. Abandone todo pensamento de derrota. Não consuma mais os seus dias com sentimentos mesquinhos. Busque grandes ideais. Inspire-se no poema de dom Helder Câmara: “Gosto de pássaros que se enamoram das estrelas e caem de cansaço em busca delas. Nada de ideais ao alcance das mãos”.
Em outras palavras, nada de coisas fáceis. Busque na vida coisas que valham a pena. Gaste as suas palavras com conversas que edifiquem, com diálogos que construam. Não perca nenhum dia da sua vida com mesquinharias.
Busque fazer o bem a cada momento. Faça com muito amor o que tem de ser feito. Doe o melhor de si aos outros. Não pense pequeno. Não viva fazendo críticas. Não viva julgando os que estão mais próximos de você.
Estenda a sua mão. Faça o seu trabalho com amor e dedicação. Não dê ouvidos às más notícias. Espalhe informações positivas. Fale boas palavras. E jamais, em momento algum, se canse de conjugar, diariamente, em todos os modos e pessoas, o verbo amar.
Tem a dor da gente e tem as dores dos outros. Uma não anula as outras e vice-versa.
Convido os leitores a esquecer um pouco os embates diários da política e a pensar nas sábias palavras de Dalcides Biscalquin sobre as escolhas da vida.

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