"[...] Na istrada do disingano/andei de noite e de dia/inludido percurano/aprendê o qui num sabia [...]" (Elomar Figueira Melo. Desafio - Fragmento do quinto canto: Das violas da morte, do Auto da Catingueira)





terça-feira, 16 de novembro de 2010

Artigo

O Partido dos Trabalhadores. Retomar Caminhos!
Joilson Bergher.
Segundo o professor Leandro Konder, Assumir o poder é a meta natural dos partidos políticos. O PT não é uma exceção. Para os petistas, contudo, o risco maior é o de serem de tal modo neutralizados no exercício do poder que fiquem impossibilitados de promover as mudanças possíveis. Reduzidos a figurantes impotentes de um teatro político melancólico, sofreriam uma descaracterização. Uma perda da identidade. Nesse particular, concordando com Konder, O PT, no poder, precisa manter a serenidade e evitar cair em armadilhas e provocações, porém não pode deixar de realizar esse processo revolucionador de que as massas necessitam, e com a crescente participação delas. Visto dessa forma, o PT tem demonstrado coesão para mudar de rumo e sustentar uma aliança mais pragmática do que ideológica com partidos historicamente fora do  chamado âmbito democrático, demonstrando aí, menos refinamento estratégico, ficando claro que o partido tem trabalhado profissionalmente para fazer as coisas acontecerem. Mas esse partido não só nos estimula, como também nos inspira! Isso tem a ver com sonhos. Sonhar significa, dizem alguns. "Viver o hoje, ainda que nos decepcionemos”. E sei que é, decerto, um tremendo desafio, que talvez leve muitos anos para realizar-se. Mas o potencial está aí, escondido no mais profundo das nossas aspirações. Um sonho que pode se tornar realidade mais rapidamente, dependendo de quanto investimos da nossa energia para torná-lo real, em nós próprios, nas nossas relações interpessoais e na sociedade. Um sonho que tem um aliado: a gradual e sempre mais acelerada decadência das estruturas patriarcais, autoritárias, alienadoras, à medida que desabrocha a consciência pessoal, comunitária e social-cidadã". Esse sonho, está sim traduzido no Partido dos Trabalhadores. Friso que o objeto dessa reflexão, é sublinhar é sublinhar, primeiro, que a vitória de Lula, mas não somente dele, e a hegemonia do PT sobre a aliança vencedora abriram em tese uma nova etapa na história das lutas populares do Brasil e da América Latina; segundo, que o sentido maior desta vitória, e talvez a única razão que lhe dá sentido, é que o novo governo tem o desafio premente de desempenhar o papel histórico de educador da população para a democracia e o socialismo também democrático, entendendo aí que o que o queremos é uma sociedade em que homens sejam valorizados e onde nenhum homem possa ter o direito de explorar o outro. Uma sociedade em cada um e todos possam ter iguais oportunidades para realizar suas potencialidades. Tudo o mais virá daí e por aí. Para empoderar-se, a sociedade precisa ser educada num outro modo de fazer política, num outro modo de governar, que a valorize, que desenvolva instâncias em que ela aprenda a exercer o poder de tomar decisões, de implementá- las e de agir de forma a obrigar o Estado a cumprir efetivamente seu papel no contexto democrático, até porque, O PT surgiu, assim, rejeitando tanto as tradicionais lideranças do sindicalismo oficial, como também procurando colocar em prática uma nova forma de socialismo democrático, recusando assim modelos já então em decadência, como o soviético ou o chinês. Eis aí o grande saque do partido, aliou a confluência do sindicalismo basista da época com a intelectualidade de Esquerda anti-estalinista. Assim, ao meu ver, o partido reinventa o passado, para que a fundação do mesmo fosse considerada o marco zero da luta de classes no Brasil. E com a concordância entusiástica da liderança sindical do partido, satisfeita por ser alçada pelos intelectuais como precursora de algo que nunca tinha ocorrido no país: a construção de um partido operário e de um sindicalismo combativo. Sem perder de vista o significado histórico do partido dos Trabalhadores, é bom considerar que a sociedade brasileira sepre conteve com fundamental a característica política e ideológicas nada alentadora. O surgimento do PT apanha a maior parte da "grande intelectualidade" como verdadeiros funcionários da hegemonia burguesa. "A sua base operária vem de um proletariado que não tem cultura e tradição socialista e/ou democrática e sequer passou por algum tipo de experiência revolucionária que se incrustasse como tradição. É também o período em que se desenvolve a mais ampla dominação cultural pela mídia eletrônica, numa sociedade civil formada de "cima para baixo" através de atos instituidores de um Estado "oligarquizado". A revolução burguesa surgiu em nossa sociedade como caricatura e as experiências de luta mais radicais se fixaram na memória das massas como verdadeiras tragédias. Eis a evidência: o PT não surge como o partido que tem, no centro da sua estratégia, a greve de massas. Ele emerge como o produto espontâneo do movimento sindical. Portanto, nesses quase trinta anos de existência, as diversas experiências do Partido dos Trabalhadores, constituem nosso maior patrimônio e nossa grande referência maior para a prática e orientação política através do compromisso com a democracia, afinal de contas, a construção de nossa utopia concreta, se dará indubitavelmente pela luta democrática de massas paciente e continuada em consonância com todas as energias libertárias e transformadoras da sociedade. Nosso objetivo é grande, e não promete nada mais que libertar de sofrimentos totalmente desnecessários milhões de brasileiros! Vida longa ao Partido dos Trabalhadores.
Joilson Bergher, jbergher@hotmail.com, professor de História na Bahia, Especialista em Metodologia do Conhecimento Superior/UESB, Pesquisador Independente do Negro no Brasil, Estudante de filosofia/UESB.

3 comentários:

  1. Bastante racional o artigo do professor, apesar de um tanto romântico ao meu ver, mas parabéns mesmo assim.

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  2. Achei interessante a análise do historiador, apesar de não apresentar as debilidades do PT. Todos os partidos tem bons quadros e aproveitadores e o PT não é diferente.

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  3. O PT é o grande partido do Brasil. Vamos em frente saudando a democracia.

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